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Programa de Bem-Estar para Equídeos: Guia Prático

O estudo facilita o manejo dos animais e orienta o criador a manter o Bem Estar do seu equino

          Nas últimas décadas os esportes com animais atletas (cavalos, jumentos, muares, dromedários e cães) e de serviço/trabalho (bovinos, bubalinos, equídeos e caninos) tem passado por inúmeras modificações e evoluções para que as boas-práticas de criação, de treinamento/competição e Bem-Estar (BEA) sejam implementados e seguidos por todos ao redor do Mundo.

            Dentro desse contexto, o recente estudo da Universidade de Bristol (Horses in our hands. University of Bristol), indicou alguns pontos que deverão ser reforçados para que essas práticas seja devidamente introduzidas e aplicadas em todas as criações de cavalos e outros equídeos. A educação continuada e o treinamento dos evolvidos com os cavalos e outros equídeos é parte central para a difusão desses conceitos.

            Paralelamente a essa evolução de conceitos pelas entidades que regem os esportes com animais, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) (www.oie.int), órgão das Nações Unidades, também realizou painéis sobre o BEA e com isso estabeleceu diferentes procedimentos para a qualificação do BEA e assim definir programas para serem utilizadas ao redor do Mundo.

            Nesse contexto de novos programas e avaliações pro-ativos surgiram o conceito do 5 Domínios, que vem como uma verdadeira evolução ao ultrapassado conceito das 5 liberdades. Esse último havia sido desenvolvido na década de 60/70 do Século XX, ou seja a mais de 50 anos atrás, e abordavam aspectos negativos e não indicavam soluções, o que não justifica mais o seu uso no século atual. 

            Os 5 Domínios, conceito desenvolvido e aperfeiçoados ao longo do Século XXI por diferentes pesquisadores (Mellor e Beausoleil, 2015; McGreevy et al., 2018 ) avaliam o BEA com base no conceito do equilíbrio ou de uma balança, na qual o BEA pode ser positivo, neutro ou negativo.

            Também os 5 Domínios indicam e sugerem para os envolvidos com os cavalos (criador, treinador, cavalariço, etc) como atuar quando a situação é de balanço negativo para o BEA, ou seja como eles devem trabalhar para melhorar e manter o BEA numa escala com balanço ou equilíbrio positivo. O uso dos 5 Domínios serve como alerta e com educação continuada, servindo para todos.

            Concomitantemente, na Europa, tem aparecido escalas de avaliação do BEA nos animais atletas, que tem como objetivo estabelecer padrões de avaliação que baseados nas em pesquisas científicas. Essas escalas usam padrões de avaliação que também procuram incluir os princípios das boas-práticas de criação e treinamento e do BEA, que estão claramente indicados nos 5 Domínios.

            Aqui no Brasil foi sugerido um escala de avaliação do BEA para equinos atletas por pesquisadores nacionais, denominada Escala de Avaliação do Bem-Estar para Equinos Atletas (Coelho et al., 2018) e que utiliza conceitos que são largamente amparados por artigos científicos em todo o Mundo e que podem ser aplicados facilmente pelos médicos veterinários envolvidos com os animais de esporte, serviço e trabalho. Muitos desses conceitos, presentes nesta escala nacional, são aplicados pela Federação Equestre Internacional (www.fei.org) nas modalidades e competições que estão sobre sua regulação.  

            Pensado em todos essas pontos e sabendo que não há um guia produzido no Brasil que ajudasse na educação e treinamento dos envolvidos com os cavalos, jumentos e muares. Então a construção de uma escala nacional poderá melhorar ou manter o BEA e as boas-práticas de criação em elevado nível, construindo uma Equideocultura moderna e antenada com uma sociedade plural.

            Assim o Grupo de PesquisaMedicina e Produção de Equinos (CAPES) desenvolveu um programa para difundir tanto os 5 Domínios como a Escala de Avaliação do Bem-Estar para Equinos Atletas, nos criatórios, centros de treinamento e de competição de equinos e outros equídeos, de uma forma prática e que estimule a aplicação e a educação de todos. Nesses folhetos e banners o leitor poderá observar/detectar o que poderia estar com o BEA (balanço negativo) e, principalmente, sugestões e métodos de como o leitor poderia trabalhar para alcançar e manter um balanço positivo para o BEA de seus animais.

            A combinação dos 5 Domínioscomo a Escala de Avaliação do Bem-Estar para Equinos Atletas,  deverá constituir um marco regulatório do esporte e criação de cavalos e outros equídeos para a sua adequação ao Século XXI, aonde os conceitos das boas-práticas e do BEA devem ser adotadas e aplicadas por todos, seja grandes ou pequenos criadores e proprietários. Esse programa também deverá ser renovado regularmente já que as pesquisas não cessam e sempre nos fornecem novas informações sobre o assunto. Finalmente, espera-se que com essa iniciativa e informações, baseadas nas pesquisas científicas desenvolvidas com equídeos atletas, contribuam para o desenvolvimento da Equideocultura nacional no Século XXI, produzindo empregos e o bem-estar dos cavalos, proprietários, criadores e todos os demais envolvidos nessas atividades. 

 

 

Leitura complementar

1.    Mellor, DJ. Operational Details of the Five Domains Model and Its Key Applications to the Assessment and Management of Animal Welfare.Animals, 7: 60, 2017;

2.    McGreevy, PE al. Using the Five Domains Model to Assess the Adverse Impacts of Husbandry, Veterinary, and Equitation Interventions on Horse Welfare. Animals 2018, 8, 41; doi:10.3390/ani8030041;

3.    Mellor, DJ e Beausoleil, NJ. Extending the 5 domais model for animal welfare assessment to incorporate positive welfare states, Animal Welfare, 24: 241-253, 2015;

4.    Coelho, CS et al. Escala para avaliação do bem-estar em equídeos atletas. Revista Brasileira de Medicina Equina, 13: 4-8, 2018;

5.    Horses in our hands. EQUINE WELFARE IN ENGLAND AND WALES. University of Bristol, World Horse Welfare, Bristol Equine Welfare project.

 

 

Este trabalho é uma colaboração de Helio C. Manso Filho ao bem-estar animal para publicação no site da ABVAQ. Ele foi elaborado pelo Grupo de Pesquisa Medicina e Produção de Equinos, CAPES no Núcleo de Pesquisa Equina da UFRPE.

Helio C. Manso Filho é formado em Medicina Veterinária (1987; UFRPE) e com residência em Medicina e Cirurgia de Equinos pelos Centro de Recuperação de Equinos (SP) (1988-1990). Obteve o título de Mestre em Produção Animal (1996, UFRPE) e PhD em Endocrinologia e Biociência Animal (2005, Rutgers University [USA]). É membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária (UFRPE), com pesquisas nas áreas de Medicina Esportiva Equina e Comparada e do Metabolismo da Glutamina. Coordena o Grupo de Pesquisa Medicina e Produção de Equinos da CAPES. Na UFRPE coordenao Núcleo de Pesquisa Equina - NPE (UFRPE), e é membro da Associação Brasileira dos Médicos Veterinários de Equídeos - ABRAVEQ.

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